
Quando aproximamos o olhar para observar nossa sociedade,
vemos que a atuação feminina está presente em todas as áreas
estratégicas e que somos maioria em setores como saúde,
educação, assistência social e serviços.
No entanto, muitas vezes, a mulher se compromete tão cedo, tanto
e tão naturalmente com o serviço à comunidade, que não busca o
protagonismo, a posição de decisão, um mandato ou posto de alta
direção.
Desde a adolescência comecei a atuar ao lado da família nas obras
sociais e hoje exerço o mandato de vereadora com cada vez mais
paixão e entusiasmo. Tive a sorte de conviver de perto com alguém
como Sebastião Tejota que incentiva a mulher a galgar seus
espaços políticos e a contribuir com a sociedade, usando esta
ferramenta de atuação e de defesa dos direitos da cidadania.
Mas essa não é a realidade de muitas mulheres, tanto assim que 73
anos depois, a eleição da primeira vereadora da capital, Ana Maria
Braga, a Câmara Municipal de Goiânia ainda tem apenas 5
mulheres entre 35 vereadores. E, tristemente, essa é a média
nacional, na faixa dos 10%, sendo que somos mais da metade da
população e da força de trabalho.
Acontecimentos recentes nas convenções partidárias na capital,
revelam como o jogo político ainda exclui as mulheres, empobrece
o debate e o avanço social e democrático.
Posso dizer que nós, vereadoras por Goiânia, enfrentamos
preconceito, desrespeito e machismo em nossa atuação diária,
muitas vezes perpetrados até de forma inconsciente. Não é
“mimimi”. Não é TPM. Não podemos tolerar o tratamento
discriminatório. Queremos respeito a nós e a nosso mandato.
A igualdade da mulher é constitucional, mas ainda é preciso efetivar
isso na sociedade e nos espaços de poder. A lei 2.235/2019, do
senador Luiz do Carmo (MDB-GO), que prevê a reserva de pelo
menos 30% de vagas para a ocupação de cargos por mulheres nas
cadeiras do Congresso Nacional, casas legislativas estaduais e
municipais é fundamental para aumentar a participação feminina na
política e refletir seu protagonismo na sociedade.
Mas convenhamos que não basta o preenchimento de cotas.
Queremos ser respeitadas e estamos preparadas para exercer
nossos mandatos com dedicação e competência. Apresentei e foi
aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, um projeto de lei
que altera o plano de carreira da Guarda Civil Metropolitana de
Goiânia e estabelece o mesmo percentual reservado de vagas para
homens e mulheres em concurso público para a carreira da
corporação.
Pela lei atual, a obrigatoriedade é que apenas 10% das vagas
disponíveis no edital sejam preenchidas por mulheres. Esse projeto
foi entregue, por mim, às deputadas estaduais goianas para que
seja apresentado na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, a
fim de que as vagas destinadas às mulheres em concurso da
Polícia Militar sejam igualmente ampliadas.
O ganho é coletivo e plural. A corporação reflete melhor os avanços
da sociedade, que fica melhor representada. Por outro lado, a
ausência de mulheres em cargos decisórios não permite um debate
adequado em torno de questões fundamentais, como saúde,
educação, segurança pública e a formulação de políticas públicas
mais efetivas e eficazes.
Entendo que a presença de mulheres na política enseja mais
diálogo e um pensar mais abrangente em torno de questões que
estejam relacionadas às pautas femininas, que por seu turno
contemplam o cuidado com a infância, os jovens, os idosos, a
saúde, o emprego, o sustento e a dignidade da pessoa humana.
Vamos nos lembrar que a mulher é sempre a primeira a buscar, por
assim dizer, o balcão de serviços do estado para si, e sobretudo
para filhos, pais, irmãos, para sua família. Porque são
características da mulher, agregar, integrar e acolher.
Os países com melhor qualidade de vida, saúde, educação e
ciência, onde os índices de violência são menores, são igualmente
os que hospedam a convivência paritária entre homens e mulheres
nas várias esferas de governo e representação. O contrário também
é comprovado.
Luto para ampliar e garantir a participação feminina na política e na
representação social em meu mandato, e o faço com a convicção
de que esta é uma pauta gigante, que impacta cada elo de nossa
vida em comunidade.
Quanto mais depressa avançarmos na representação feminina,
mais rápido e efetivo será o avanço do nosso país, de nosso
estado, de nossas cidades.
Priscilla Tejota
Vereadora de Goiânia pelo PSD